A nossa cultura e a
igreja são atacadas por uma “espiritualidade” voltada para dentro. A ênfase é
sobre a alma, o subjetivo, os sentimentos... enquanto o que é tangível, objetivo
e externo é subjugado ou interno e subjetivo, é diminuído ou completamente
eliminado.
Tomemos, por exemplo, Bruce Jenner. (Atleta olímpico e
medalha de ouro no decatlo olímpico - a
quem é tradicionalmente dado o título de "maior atleta do mundo." O
mais completo – Jenner
tem seis filhos de casamentos com as ex-esposas Chrystie Crownover, Linda
Thompson e Kris Jenner ) - mas que agora se chama “Diana Sawyer”. Em sua
entrevista como Diane Sawyer, ele
declarou: "Minha alma e cérebro é muito mais feminina do que do sexo
masculino. É difícil para as pessoas entenderem isso. Mas isso é o que a minha
alma é. Essa é minha experiência"
Pela própria definição
de si mesmo, Bruce diz ter uma “alma”
feminina em um corpo biologicamente masculino. No entanto, porque a “alma” é o que é mais importante para
Bruce, a composição material do seu corpo deve ser diminuída, subjugada ou
ignorada; portanto, devemos agora considerar Bruce uma fêmea.
Esta elevação da “alma”
sobre o corpo material também está presente na questão do casamento de mesmo
sexo. De acordo com defensores do casamento entre pessoas do mesmo sexo, o
casamento não é mais definido como a união de um homem e uma mulher de coração,
corpo e mente, para a procriação de filhos, mas sim, pela união de duas pessoas
no coração, alma, mente e corpo.
Em ambos os exemplos, a
composição biológica de uma pessoa, o externo, o objetivo... e a necessidade de
pessoas biologicamente e sexualmente compatíveis (isto é, homem e mulher) para
a procriação de filhos é desconsiderada e subjugado à alma, ou as emoções ou sentimentos... “Eu sinto, eu
sei...”
Então, o que realmente
está acontecendo aqui? A cultura está a
implementar de alguma forma o pensamento platônico. É isso mesmo: A ideologia
antiga do filósofo Platão parece estar no trabalho pesado hoje em dia.
Permita-me explicar.
Platão viu a nossa
existência em duas esferas ou reinos diferentes. Ele afirmou o reino
transcendental e imaterial e o reino material. Para Platão, o reino
transcendental era certo, verdadeiro e perfeito - mas o reino material estava mudando, era falho,
estava morrendo... era uma mera sombra. Como resultado, Platão ensinou que o
objetivo da humanidade era escapar de seus corpos maus e falhos. Simplificando,
Platão considerava a alma e o que deriva dela como as coisas boas, e tudo que é material como ruim, mais baixo...
Isso nos leva de volta
aos nossos exemplos. Se a alma é boa e o corpo é ruim, qual é o supremo? Qual
deles é autoritário? Obviamente, a alma (por exemplo, emoções, experiências,
sensações) é! O subjetivo é! Isto resulta
na alma tendo precedência, enquanto o corpo, o externo, o objetivo... é
colocado em um papel secundário, ou é diminuído ou ignorado por completo. Além
disso, se a alma, as emoções... são
autoritárias, para onde olha uma pessoa impactada e guiado pelo pensamento
platônico? Para fora? Para o objetivo? Não! Para o mundo das emoções. O
interior, o subjetivo, as emoções... a “alma” se torna o centro de comando e o
centro autoritário do indivíduo que é afetado pela ideologia platônica.
Quando nos voltamos
para a igreja de nossa geração e uma quantidade imensa de “cristãos”, este
impacto da ideologia platônica ataca a Palavra que é externa, objetiva e fora
de nós... mudando para o centro da autoridade minha alma, emoções, sentimentos,
sonhos, percepções, sensações, experiências...
Ou seja, uma vez que a
Palavra ( que devia ser a ÚNICA autoridade ) é externa, “material” ( vista como
menos espiritual do que minhas “experiências” )
- este esquema ideológico platônico a torna inferior à alma interior. A
Palavra ser autoridade ÚNICA é impensável para mentes assim.
De acordo com o
pensamento platônico, algo externo não pode ter o poder sobre a alma
autoritariamente e finalmente, pois as coisas materiais são más ou inferiores,
menos vivas... Portanto, o externo é
necessariamente diminuído e a igreja é forçada a concluir que o externo e objetivo
não pode ter o papel final e TODO importante na fé cristã. O argumento na mente
assim (“cristãos” assim) sempre surge... “não, mas e minhas experiências? E
meus sonhos? Você não entende... isso e aquilo já aconteceu comigo... você não
entende as experiências que eu já tive” – como se isso tivesse alguma base de
autoridade. O mesmo argumento da cultura totalmente anti-Deus que nos cerca. A
Verdade externa, no Livro... é menos viva que o que está acontecendo na minha
alma. É o mesmo argumento de Bruce Jenner que virou Diane Sawyer tem: "Minha alma
e cérebro é muito mais feminino do que do sexo masculino. É difícil para as
pessoas entenderem isso. Mas isso é o que a minha alma é. Essa é minha
experiência"
Tragicamente, se alguém
que se diz cristãos, não tem na Palavra externa UNICAMENTE sua autoridade...
ele vai cavar em suas entranhas, sua alma, seus sentimentos, suas percepções...
procurando em vão uma autoridade, esperança e garantia.
A tragédia de tal
ênfase interna é total no que diz respeito a eternidade e tudo que Deus
revelou. Quando um homem necessita de segurança eterna... se olhar internamente
para suas próprias emoções, coração, alma... nunca terá qualquer garantia. Terá
apenas ilusão por mais que tenha profundos sentimentos e experiências internas
como Bruce Jenner, ou seria Diane Sawyer?
![]() |
"Diane Sawyer" |
A pessoa se concentra
então em sua própria percepção, alma, sentimentos... para tirar sua
“temperatura espiritual” e se fixa em seu próprio umbigo... mas o sucesso disso
é tão ilusório quanto o de Bruce Jenner achando que em sua alma é Diana Sawyer.
Olhar para dentro ( e
não para fora, para o livro, para o objetivo ) faz o homem presa da ilusão ou
do Monstro da incerteza.
É isso mesmo, olhando
para dentro, para a alma, emoções, experiências... ou poderíamos dizer, olhando
para as cavernas do coração, você fatalmente é aprisionado por fim por aquilo
que Martinho Lutero chamou de “Monstro
da incerteza” e se torna presa de toda sorte de enganos do coração. Que parte do
coração enganoso julgará os enganos do coração?
Vamos ser honestos –
todo mundo é obrigado a tentar se justificar de alguma forma – se sentir
inteiro e completo. Precisamos nos convencer que somos “bons...” Assim, com
nossa “espiritualidade” voltada para dentro, nós cavamos em nossas próprias
almas, sensações e experiências... a procura de tesouros de garantia e de base
autoritária para nossas próprias experiências. No entanto, isso só desperta a
fera dentro de nós... que naturalmente é oposta a mente de Deus – mente essa
que é externa a nós e revelada UNICAMENTE na Palavra externa.
Sim, lá das cavernas
profundas de nossas almas, corações, emoções... o Monstro da Incerteza, do
subjetivismo... é despertado e nós ficamos em perigo de ser devorados pela
grande besta do ego humano tanto quanto
Bruce Jenner com sua suposta “alma feminina” com mil volições,
experiências, sentimentos... que faz ele ter “certeza” que é Diana Sawyer.
Depois que o monstro da
Incerteza ri e devora a nossa garantia que era apenas subjetividade, ficamos
tentando convencer a nós mesmos em busca de garantia. Bruce Jenner diz para si:
“minha alma é feminina, eu sei, eu sinto... isso não pode estar errado...” –
Muitos “cristãos’ dizem: “Eu sinto, eu vi, eu sonho, eu tive essa experiência
na alma... isso não pode estar errado...”
Depois que a verdadeira
garantia objetiva é destruída pelo “Monstro da incerteza”, tudo que resta
realmente é um monólogo conosco mesmo dizendo: “Isso deve ser a verdade. Eu sou
bom o suficiente? Estou em contato com Deus verdadeiramente? Eu tenho feito o
suficiente? Quem sou eu? Será que as pessoas veem minha espiritualidade? Será que Deus está satisfeito? Se eu sinto,
tem que ser verdade...” Este é o fruto de uma ideologia platônica.
Então como o Monstro da
incerteza, do erro, da Heresia, do subjetivismo... é derrotado? Ele recebe o golpe mortal quando nossos olhos
são definitivamente tirados de nós mesmos, nossa alma, experiências,
sensações... e colocados unicamente sobre a Verdade externa que nos põe sobre a
certeza que flui da Cruz. Da Theologia Crucis. O Livro externo.
A cruz é algo que está enquadrada no história inamovível e imutável da
realidade externa... toda a Verdade sobre Deus é totalmente independente do que
acontece dentro de nós e de nossas experiências subjetivas.
Eu sequer estava
presente fisicamente na crucificação; portanto, não há nada que eu possa fazer
atualmente para impedir de Cristo ir para a Cruz. Ou não há nada que eu possa
fazer ou sentir para voltar no tempo e manter Jesus no túmulo. Jesus morreu.
Jesus ressuscitou. Daí somente vem a Justificação e todas as grandes doutrinas
bíblicas – Na Cruz Jesus disse: “Está consumado!” A expiação foi feita, a
propiciação ( sacrifício que aplaca a ira de Deus ) foi feita... todas as
Verdades do Livro fluem daí, imutáveis tanto quando Deus é... não é nada subjetivo e interno...
Certeza e Verdade, meus
amigos, é encontrado em Cristo, não no eu. Não na alma, nas experiências
subjetivas... A certeza é encontrada na vida de Jesus, não na sua ( dentro de
você e suas experiências – daí só enganos fluem ). A certeza é encontrada no
evento histórico da expiação. A certeza e a Verdade são encontradas em Cristo e
na revelação bíblica e externa dele, não no cristão. A Verdade está fora de
você!
O Senhor não é
platônico, ele oferece segurança e santificação fluindo de algo externo a você:
“Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade.” João 17:17 – Tuas
sensações podem ser muito fortes e convincentes... mas são tão tolas como a
certeza de Bruce Jenner achando que em sua alma ele é Diana Sawyer.
Deus coloca a segurança
em seus ouvidos tão somente pela Palavra externa.
E assim a Palavra mata
para sempre o subjetivismo, o Monstro da incerteza, os erros fatais do coração
enganoso. Teu Senhor não é platônico, você não encontra a verdade e a certeza
verdadeira dentro de você – tudo o que acontece dentro de você é subjetivo.
A certeza e a Verdade
se encontram fora de você, no Livro, como dizia Lutero. Ela está tão somente em
Cristo, no Evangelho... na notícia... que chega a você tão somente pela Palavra
externa.