Recentemente a ira de Deus se tornou um ponto de controvérsia na decisão da Comissão Presbiteriana (Nos EUA) de excluir do seu novo hinário um hino muito amado – “In Christ Alone,” de Keith Getty e Stuart Townend. Mas antes de falar sobre isso, esse acontecimento remete nossa lembrança a Richard Niebuhr, que em seu livro de 1934, O Reino de Deus na América, descreveu o credo da teologia protestante liberal, que foi chamado de "modernismo" naqueles dias, nestes famosas palavras: "Um Deus sem ira trouxe o homem sem pecado a um reino sem julgamento por meio das ministrações de um Cristo sem cruz."
Niebuhr
já em 1934 sabia o que estava falando. Assim fez Dietrich Bonhoeffer quando nomeou o tipo de cristianismo que ele
encontrou em 1930 na América: "Protestantismo
sem Reforma” – O que é tão bem expresso quando ele fala sobre a Graça
barata: “A graça barata é a graça que nós
dispensamos a nós próprios. A graça barata é a pregação do perdão sem
arrependimento, é o batismo sem a disciplina comunitária, é a Ceia do Senhor
sem confissão dos pecados, é a absolvição sem confissão pessoal. A graça barata
é a graça sem discipulado, a graça sem a cruz, a graça sem Jesus Cristo vivo,
encarnado.”
Cristianismo sem pecado,
julgamento, cruz, Cristo, inferno... se tornou a base de muitos discursos
teológicos contemporâneos tão preocupados em estar alinhado com a cultura,
fluindo dos paradigmas do humanismo secular, psicologia humanista, reforma do
sociedade nos termos determinados por ela, uma sociedade caída e inimiga de
Deus... mas de todas as coisas o que mais desperta o furor é a idéia da Ira de Deus.
Como falamos no início, recentemente a ira de
Deus se tornou um ponto de controvérsia na decisão da Comissão Presbiteriana (Nos
EUA) de excluir do seu novo hinário um hino muito amado – “In Christ Alone,” de Keith Getty e Stuart Townend. A Comissão
decidiu excluir este hino porque ele era cantado em muitas igrejas
presbiterianas nos Estados Unidos, mas eles não podiam suportar um verso da
terceira estrofe que diz que quando Jesus morreu
na cruz a ira de Deus foi satisfeita. A Comissão queria
substituir essa parte do hino por – “Quando Jesus morreu o amor de Deus foi
ampliado” – Os autores do hinos insistiram no texto original, e então a
Comissão votou e decidiu que “In Christ Alone” não estaria mais entre as
centenas de hinos do seu novo hinário. É a cultura e não a Palavra decidindo o
que é aceitável ou não, o que pode ser cantado e ensinado sobre Deus. Quando
estamos alinhados com ela...
Aqueles, e são tantos,
que tratam a ira de Deus como um tabu, seja em sermões ou hinos ( alguns dizem
que não são assim – mas nunca pregam ou cantam sobre ) – estão numa longa
linhagem que já no segundo século seguiram o herege Marcião – que de acordo com
Tertuliano, disseram que “um Deus melhor foi descoberto, aquele que nem fica
ofendido e nem tem ira, nem inflige punição, que não manda ninguém para o
inferno, nem coloca ninguém nas trevas exteriores onde há ranger de dentes... é
apenas um Deus gentil”
Não, como vemos, isso
não é nada novo. Não é pós-moderno simplesmente, é a velha hostilidade do
coração natural a Deus, sua santidade e glória. É velho. O que temos hoje é o
que podemos chamar de Neo-Marcionismo ( Um Deus de Ira no Velho Testamento e
apenas um Deus de amor no Novo – como se fosse um Deus diferente ) – O mesmo
que floresce hoje. O que anula totalmente o que a Cruz representa e a sua
necessidade. É um mundo perdido e sua cultura definindo Deus para a igreja... e
como a igreja quer ser aceita... ela aceita que o mundo criou um “Deus melhor”
do que o que foi revelado em Jesus Cristo.