Sinceridade e devoção
isoladas, em si mesmas, são coisas inúteis. Tanto a sinceridade como a devoção
só tem valor se estão centradas em Cristo. Religião, espiritualidade leva
muitas pessoas a um zelo, muitas vezes sincero... mas devemos entender o quando
isso é desprovido de valor:
“Porque
estou zeloso de vós com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos
apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo. Mas temo que,
assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de
alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que
há em Cristo. Porque, se alguém for pregar-vos outro Jesus que nós não temos
pregado, ou se recebeis outro espírito que não recebestes, ou outro evangelho
que não abraçastes, com razão o sofrereis.” - 2 Coríntios 11:2-4
Nossa sociedade não
sente dificuldade em aplaudir as pessoas
que são devotas a sua “fé”, “causa...” ou qualquer coisa que seja. Em nosso mundo
pluralista tudo o que é visto e valorizado é o compromisso. A questão é a fé e
não o foco da fé. A fé é valorizada como uma coisa em si mesma. O foco dela é
irrelevante. O “crente” é mais importante do que aquilo no que acredita. Paulo
discordaria disso completamente.
O zelo em si mesmo é um
desperdício colossal de energia se o seu objetivo não estiver totalmente
centrado em Cristo. Sem isso toda espiritualidade é falsa. Toda espiritualidade
é uma farsa quando Cristo não é sua ÚNICA substância. Sem isso, não importa a
sinceridade, zelo, desprendimento... até mesmo o martírio... A paixão que leva
a tudo isso, não importando quão bem-intencionada, é uma vapor sem sentido na
alma humana, sem propósito para o qual Deus criou o homem, quando não é
despertada tão somente pela beleza de Cristo, com todo o objetivo na glória e
louvor a Cristo. Se a paixão estiver centrada em qualquer outra coisa, mesmo
que pareça nobre... melhorar o mundo, ajudar o ser humano... será um vapor sem
sentido. Simplesmente não há valor na sinceridade, zelo, boas obras... ou
qualquer atividade espiritual quando ela não é cristológica em seu núcleo.
É tudo vão se Cristo
não é central e supremo em suas afeições. Não importa o quão profundamente se
acredite ou quão generosamente se dedica, ou quão apaixonadamente a defendem...
se Ele, Cristo, não é o alvo e o centro de tudo, toda essa paixão é fútil e
vazia.
Paulo fala sobre uma
devoção a Cristo que é “sincera” e “pura. Paulo está falando sobre uma
preocupação sincera e totalmente exclusiva para a pessoa de Cristo e uma vida
inteiramente voltada para agradá-lo. Isso deve ser colocado contra um
cristianismo humanista... um cristianismo em que causas ligadas a ele é que de
fato estão inflamando os corações – enquanto a própria pessoa de Cristo não é o
alvo dessa paixão. Hoje muitos adoram mais o “amor” de Cristo do que o próprio
Cristo, porque podem definir e tem definido esse “amor” de tal maneira que o
mundo inteiro pode aplaudi-lo, enquanto rejeita o próprio Cristo como central.
A paixão se volta para o homem em crise em suas próprias necessidades sentidas.
Paulo está chamando
para um compromisso inabalável para todas as afeições transbordando sobre
Cristo. Sem duplicidade, sem lealdades divididas...
Como era no primeiro
século, assim é no século XXI. Podemos ter um “cristianismo” que leva e procura
transformar a fidelidade de nossos corações para longe de Cristo, sendo Ele um
meio para o alvo que é o próprio homem, que de fato captura nossas afeições.
E essa devoção a Cristo
é “pura” – ela tem uma qualidade moral, não é amoral, como uma bondade pagã que
tem sido pintada com as cores do cristianismo. É uma devoção pura, uma paixão
santa, um coração santo que não vai tolerar o pecado.
Paulo diz no verso 2
que deseja apresentar os coríntios como “uma virgem (hagnos) pura a Cristo” –
então no verso 3 ele usa um termo relacionado (hagnotes) para descrever o único
tipo de devoção a Cristo que conta tanto para o tempo quanto para a eternidade.