Ele
caiu por ferra e ouviu uma voz que lhe dizia: "Saulo, Saulo, por que você
me persegue?"
Atos
9.4
A conversão de Saulo
pode ser vista como um modelo de conversão cristã para hoje? A resposta é sim,
mas somente se fizermos uma separação entre as circunstâncias dramáticas
externas e a experiência essencial interior. Não precisamos ser atingidos por
uma luz vinda do céu, mas precisamos ter um encontro pessoal com Jesus Cristo e
nos entregarmos a ele.
O que se destaca na
narrativa é a graça soberana de Deus. Paulo não "tomou uma decisão por
Cristo" (para usar o jargão moderno); foi Cristo quem o escolheu e o
consagrou para ele. Esta é uma verdade inquestionável. A narrativa de Lucas
começa com uma referência a Saulo respirando "ameaças de morte" (v.
1), provavelmente descrevendo-o como um animal feroz e selvagem. Ele não estava
nem um pouco disposto a levar em consideração as declarações de Cristo. Sua
mente estava envenenada pelo preconceito. Poucos dias depois, entretanto, ele
se tornaria um cristão convertido e batizado! Devemos fazer duas ressalvas.
A primeira é que a
graça de Deus não se manifestou repentinamente na conversão de Saulo. De fato,
"de repente brilhou ao seu redor uma luz vinda do céu" (v. 3), mas
isso não significa que aquela era a primeira vez que Cristo falava com ele; ao
contrário, aquele foi o clímax de um processo. Jesus lhe disse: "Resistir
ao aguilhão só lhe trará dor!" (26.1 4), comparando Saulo a um novilho
teimoso e ele mesmo a um capataz usando um aguilhão para domá-lo. Qual o
significado desses aguilhões? Eles representavam sua consciência, os
persistentes boatos de que Jesus havia ressurgido dentre os mortos, o testemunho
de Estevão e, acima de tudo, suas dúvidas. Como disse Carl Jung:
"Fanáticos são aqueles que precisam compensar de alguma forma suas. dúvidas
secretas".
A segunda é que a graça
de Deus na conversão de Saulo não foi compulsória. O Cristo que apareceu a ele
não o transformou em um robô nem o forçou a agir como se estivesse em um transe
hipnótico. Ao contrário, Jesus perguntou a Saulo, diretamente: "Por que
você me persegue?" (22.6). Saulo respondeu com duas outras perguntas:
"Quem és tu, Senhor?"(v. 8) e "Que devo fazer, Senhor?" (v.
1 0). Sua resposta foi racional, consciente. Assim, a conversão de
Saulo foi pela graça soberana de Deus, que se manifestou a ele de forma gradual
e mansa. A graça divina não força a personalidade de ninguém, a transforma.
Para saber mais: Atos
9.1-9